Viagens de Gulliver – Jonathan Swift




SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2010. 446 páginas.


Como um bom clássico, Viagens de Gulliver passa por gerações e gerações como aquela história de um humano que chega em uma terra de pequeninos. É uma narrativa que já foi adaptada em várias linguagens: cinema, teatro, livros infanto-juvenis, quadrinhos e por aí vai. 

Mas Swift nos traz mais que isso! para começar, Gulliver faz 04 viagens, sendo a mais conhecida a em que ele aporta em Lillipute, a famosa terra dos pequeninos.

Escrito em 1726, nos traz reflexões interessantes acerca do humano, suas relações entre as pessoas e com o mundo. O preconceito, a política, a religião, são temas que iremos encontrar no livro. Além de uma crítica aos famosos relatos de viagens. Em uma obra ficcional mas com fortes influências da realidade, Swift a partir da sátira (sua marca inconfundível) nos leva a acompanhar Gulliver em 04 expedições.

A primeira viagem é a mais famosa - Lilipute - onde ele aporta e em relação aos moradores da ilha, ele é um gigante. Então é aprisionado e mantido sempre vigiado. Na ilha há um rei e rainha. Ele aprende os costumes e também a língua nativa, tornando-se assim próximo ao alto comando, chegando a ser conselheiro em algumas ocasiões. Em determinado momento se sente com saudade de casa e solicita sua liberdade. Então retorna para casa, após as aventuras na ilha, fica somente um período e sente necessidade de rumar novamente para os mares. Aqui fica patente uma demonstração sobre as grandes navegações, onde os europeus se lançavam ao mar para empreender verdadeiras longas viagens em direção ao desconhecido. Navegando, encontram novos povos, novas línguas, costumes, etc.

A segunda viagem se passa em Brobdingnag, onde Gulliver é perto daquela comunidade, um anão. Nessa viagem vimos claramente a questão que se refere ao racismo, e também ao desprezo pela cultura e povo. Gulliver fala abertamente em seu relato do asco pela'quela gente e seus costumes. Parte dessa aventura e a terceira é em Laputa, Balnibarbi, Luggnagg, Glubbdubdrib e Japão. Nessa aventura, Gulliver sai em viagem a convite do Capitão William Robinson, segue em frente, mas durante a viagem acaba sendo capturado por piratas e vai parar então em Laputa. Nesse complexo de ilhas, Gulliver se depara com uma sociedade diferente. Onde são avançados em determinados campos de conhecimento, e em outros nem tanto. O que serve de base para sua crítica à ciência, aos cientistas em geral. E quando você acha que Gulliver vai voltar pra casa e ficar quieto, que nada, ele parte depois de um tempo em casa, para sua última aventura. Agora em direção ao país dos Houyhnhnms. Nessa viagem ele encontra uma sociedade bem diferente das demais que acompanhamos. 

Nessa comunidade, na minha opinião, os moradores se assemelham a criaturas como se fossem cavalos. Uma linguagem e costumes próprios que Gulliver se agrada, e se adapta mais facilmente que nas outras aventuras. Após certo período, ele pede permissão para retornar para casa. Mas o que mais me intrigou, é que no seu retorno pra casa, Gulliver não quer permanecer. E conto o motivo: ele começa a sentir aversão e até asco pelos humanos, pela sua esposa e só se sente mais confortável quando compra alguns cavalos e contrata um tratador para eles. Ao ficar junto deles, começa a conversar com eles na língua que aprendeu com os Houyhnhnms. Aqui podemos fazer uma analogia nos dias de hoje, quando ouvimos pessoas falarem que prefere conviver com animais ao invés de conviver com humanos.

A lição que o livro nos deixa é sobre as relações humanas, a adaptação do ser humano nas adversidades e a ânsia pelas descobertas. Além do comportamento humano frente ao poder e à política.

É um livro bastante atual, por isso um clássico. Clássicos tem essa propriedade, passar anos e até séculos e permanecerem atuais.

Recomendo a leitura, bem como assistir ao vídeo do programa Literatura Fundamental!





Minha avaliação: 


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