Velórios - Rodrigo Mello Franco Andrade
Durante esses últimos quatro anos, abdiquei de muitas coisas para fazer meu doutorado. Larguei leituras agradáveis, filmes, séries, momentos de ócio e minha vida em particular. Foram os últimos anos mais difíceis para mim, depois de dois golpes que sofri com a morte do meu pai de forma prematura, e anos mais tarde com a morte da minha mãe.
Por que digo isso?
Porque para mim, o estado de espírito e a vida no cotidiana refletem bem o que você vai ler ou não vai ler. A despeito, de não ter tempo na minha rotina desses anos, me dividindo entre o trabalho, as disciplinas, as leituras nada agradáveis, as responsabilidades dos prazos acadêmicos, e por fim, a escrita. Não tive tempo de ler o que queria, refletir a vida, apenas vivi, ou diria sobrevivi. Entrega uma das últimas versões da tese, antes da defesa. Agora vem os famosos ajustes e então marcar o dia da defesa.
Estou em um misto de ansiedade e desejo de libertação, não vejo a hora de passar por isso e voltar à minha rotina pacata e livre dessa pressão horrorosa.
Bom, por que disse isso tudo?
Porque mesmo em volta do caos, nesses últimos quatro anos, consegui ler 6 livros, e hoje concluí o sétimo, mesmo no fim do doutorado, e hoje venho falar dele.
Imagem retirada da internet |
O livro Velórios de Rodrigo Mello Franco Andrade nem passava na minha cabeça de existir, mas foi uma dica do Afonso Borges do Sempre um Papo.
É um livro pequeno, composto por 08 contos e 04 cartas sobre a obra. Nos oito contos na minha opinião não é a morte em si e nem o velório o foco da narrativa, mas as relações que estão ao redor da temática. As pessoas e suas paixões, sua rotina e claro do próprio morto que ali se encontra. A narrativa não é rebuscada e se aproxima da oralidade, pois ao lermos, parece que é alguém que está nos contando cada um daqueles casos. O narrador tem uma voz muito próxima do leitor, a sensação é de estar ali sentado ao seu lado contando aquelas histórias.
Gostei muito do livro, é uma daquelas jóias raras da literatura brasileira, essa edição é da Cosac Naify de 2004. O autor não tinha pretensão nenhuma de fazer com que a obra fosse amplamente reproduzida, mas com a permissão dos seus herdeiros, pode enfim, circular um pouco mais. Rodrigo Mello Franco Andrade nascem em 1898 e foi diretor do atual IPHAN de 1937 a 1967, e faleceu em 1969.
Para saber mais de Rodrigo Mello Franco Andrade, achei uma página pequena na Wikipédia, nesse endereço. E também a Fundação que leva o seu nome, além do prêmio concedido pelo IPHAN, que também leva o seu nome.
Recomendo a leitura!
Por Letícia Alves
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Bjs